sábado, 11 de fevereiro de 2012

SOBRE A TAL ‘VIADAGEM’: O Evangelho de Cristo e nossas atitudes preconceituosas



Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele. (1 João 4:16)

A grande novidade da revelação cristã esta justamente na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo que é a imagem visível de um Deus de amor ou, melhor dizendo, de um amor que é Deus em si mesmo. É nesse sentido que a Virgem Maria pode ser chamada de mãe de Deus (Teothokos), pois foi a Tenda onde o santo Espirito fez Sua morada trazendo ao mundo o Seu Cristo, o Verbo (ou Palavra) de Deus Pai.

O perdão, o amor e a misericórdia de um Deus que veio conciliar o mundo com Ele é o que constitui a essência do Evangelho do Cristo, a Boa Nova. Tudo mais parece periférico diante dessa grande luz libertadora das consciências. Por isso mesmo pode João afirmar:

“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor”. (1 João 4:7-8)

Esse é o ponto central. Deus é amor. Tudo se ilumina diante dessa revelação e o Antigo Testamento é então relido à luz desse entendimento. Foi assim que Jesus Cristo nos ensinou:

“Mestre, qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei? Jesus respondeu: - "Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente." Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: "Ame os outros como você ama a você mesmo." Toda a Lei de Moisés e os ensinamentos dos Profetas se baseiam nesses dois mandamentos”.(Mateus 22:36-40)

Toda a Escritura Sagrada está resumida no amor: manifestado por Deus e para Deus e autenticado pelo amor ao próximo que é visível para nós.

A parábola do juízo final mostra o ‘critério de Deus’. Diferente dos julgamentos humanos, o Senhor da Vida coloca o amor-caridade como aquilo que diferencia os seres humanos. Assim sendo, não e a cor da pele, etnia, nacionalidade, orientação sexual, religião, partido político etc. que nos faz essencialmente distintos, mas as nossas escolhas existenciais. São elas orientadas pela caridade e compaixão ou pelo egoísmo e desamor?

“Todos os povos da terra se reunirão diante dele, e ele separará as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras. Ele porá os bons à sua direita e os outros, à esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: "Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam na sua casa.  Estava sem roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na cadeia, e foram me visitar."

Então os bons perguntarão: "Senhor, quando foi que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos água? Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos na nossa casa ou sem roupa e o vestimos? Quando foi que vimos o senhor doente ou na cadeia e fomos visitá-lo?”  - Aí o Rei responderá: "Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram."  - Depois ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: "Afastem-se de mim, vocês que estão debaixo da maldição de Deus! Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos! Pois eu estava com fome, e vocês não me deram comida; estava com sede, e não me deram água. Era estrangeiro, e não me receberam na sua casa; estava sem roupa, e não me vestiram. Estava doente e na cadeia, e vocês não cuidaram de mim." - Então eles perguntarão: "Senhor, quando foi que vimos o senhor com fome, ou com sede, ou como estrangeiro, ou sem roupa, ou doente, ou na cadeia e não o ajudamos?" - O Rei responderá: 

"Eu afirmo a vocês que isto é verdade: todas as vezes que vocês deixaram de ajudar uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar." E Jesus terminou assim: - Portanto, estes irão para o castigo eterno, mas os bons irão para a vida eterna.(Mateus 25:32-46)

Quem são os bons, aos olhos de Cristo? Freqüentadores de uma religião, pessoas que não cometem erros de qualquer espécie, isolados do mundo? Não! Bons são aqueles que socorreram os famintos, sedentos, os estrangeiros (excluídos da nação e do critério de irmandade judaica), os nus, os doentes e os encarcerados. Esses estarão no Reino de Luz e os outros sofrerão o “castigo eterno”. Fica claro aqui que atitudes amorosas tocam o coração do Senhor, pois ao fazer pelos pequeninos, pobres, humildes e oprimidos, estamos fazendo para Ele. Jesus toma para si qualquer ação amorosa e caridosa, qualquer socorro ao próximo. Isso não uma teoria religiosa. Salvação é isso.

No Espiritismo evangélico é ensinado que chegaremos a estatura de Cristo ‘adquirindo a perfeição pela prática constante do amor, que, através de todos os séculos, em todos os tempos, na eternidade, é a fonte e o meio de todos os progressos, dá acesso a todas as ciências e conduz a Deus’ (J.-B. Roustaing em “Os Quatro Evangelhos”). Tal raciocínio se coaduna perfeitamente com a essência das escrituras e com o juízo de Deus em Mateus.

Feitas essas considerações iniciais, quero entrar agora no tema que me inspirou esse texto e começo com “O Livro dos Espíritos”, questão 202, onde Allan Kardec questiona os Espíritos do Senhor da seguinte maneira:

“Quando errante (no mundo espiritual), que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher? Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar”.

Pouco importa! Viver como homem ou mulher na atual existência é apenas uma questão de conveniência espiritual dentro do quadro de provações e expiações que a pessoa, alma infinita, há de passar no caminho do seu crescimento ou libertação-salvação.

Comentando essa questão 202, Emmanuel, o conhecido mentor do médium Chico Xavier, assim se expressa no livro “Vida e Sexo”:

“A homossexualidade, (...) definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases materialistas, mas é perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação. Observada a ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual, do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais”.

Emmanuel aponta que ao olhar para essa questão como “verdades simples da vida” à luz da reencarnação[1] poderemos ter uma compreensão bem melhor e sem os pânicos e preconceitos do olhar da maioria heterossexual do planeta. Chama a todos que vive uma orientação sexual diversa da maioria (ou da heteronormatividade) como “irmãos” e pede atenção, respeito e igualdade, apontando o crescimento desse fenômeno no mundo. Segue dizendo.

“A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa com a parte que assume no jogo da delinqüência. A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios e milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas”.

Aqui, o nobre mentor questiona o conceito de normalidade imposto pela maioria social, esclarece que do ponto de vista espiritual as ‘afinidades eletivas essenciais” são mais fortes que os traços morfológicos, anatômicos ou corporais, posto que, ao longo das reencarnações sucessivas, nós assumimos corpos masculinos e femininos. Tal mecanismo traz um certo bissexualismo psíquico inato em todos os seres humanos – tese não muito distante da analise de Freud e Jung sobre as pulsões libidinais.

Em termos junguianos, poderíamos afirmar que existe na sombra do ego de cada um de nós o oposto sexual, em outras palavras, há na sombra de uma mulher um homem e existe na sombra de um homem uma mulher, o que não se traduz necessariamente como comportamento homossexual ou “transtorno de identidade de gênero”. No livro do analista John Sanford, “Parceiros Invisíveis” (Paullus), podemos colher boas reflexões em torno desse assunto e com mais profundidade.

Emmanuel diz então sobre nossas acentuações:

“O homem e a mulher serão, desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta. A face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a masculina ou vice versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação masculina que o segregue, verificando-se análogo processo com referência à mulher nas mesmas circunstâncias. Obviamente compreensível, em vista do exposto, que o Espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou masculino, não apenas atendendo-se ao imperativo de encargos particulares em determinado setor de ação, como também no que concerne a obrigações regenerativa”.

Emmanuel rejeita a idéia de uma identidade sexual rígida ou uma “especificação psicológica absoluta”, pois aquilo que chamamos de “homem” ou “mulher” são apenas acentuações psíquicas ou espirituais. Somente as tarefas espirituais, morais e sociais que nesse mundo temos a cumprir nos conduzem a tomar um corpo de tipo ‘A’ ou ‘B’.

Continuando, explica ainda mais esse nobre Espírito através de Chico Xavier:

“Em muitos outros casos, Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na elevação de agrupamentos humanos e, conseqüentemente, na elevação de si próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem”.

Contrariando muitos que ainda pensam nos homossexuais, travestis e transexuais como pessoas essencialmente doentias, desequilibradas, negativas ou agentes de “espíritos obsessores”, o instrutor espiritual, um dos mais respeitados dentro do movimento espírita kardequiano, afirma que Espíritos nobres, cultos e sensíveis (sinais evidentes de iluminação interior) pedem aos seus instrutores (ou ‘anjos de guarda’, como os católicos chamam) para encarnarem-se em corpos opostos a sua “estrutura psicológica transitória”. Em outras palavras, nos corpos que não estão alinhados com a heteronormatividade escondem-se almas nobres e iluminadas, assim como acontece nos corpos heterossexuais, não existindo nenhum critério absoluto que diga que uns ou outros são superiores.

Em todos os campos de orientação sexual – sem nenhum privilégio –  iremos encontrar almas nobres, iluminadas e caridosas, como também almas inferiores, materialmente apegadas demais e ainda cheia de vícios morais equivocados, isso sem qualquer exclusivismo. Além do mais, essas polaridades masculinas e femininas, dentro da filosofia espírita, serão superadas ao longo dos séculos até chegarmos ao amor cósmico e sem fronteiras, uma alusão, talvez, aos mitos angelicais e sua androginia.

Concluindo, o guia espiritual de Francisco Candido Xavier nos fala da justiça divina onde não é feita nenhuma discriminação de orientação sexual, conforme lemos em Mateus 25:

“Caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um”.
Veja que esses assuntos pertencem a “intimidade da consciência de cada um”, mas o preconceito forja verdadeiras inquisições pós-modernas, fuxicando a vida alheia e fazendo ilações inconvenientes e extravagantes. O constrangimento social (incluindo a homofobia) é fruto dessa ignorância psicológica, sociológica, antropológica e espiritual sobre o ser humano.

Como agir então diante dessas questões que envolvem a incompreensão de uma cultura ainda cativa de uma opressora heteronormatividade?

No livro “Endereço de Paz”, André Luiz nos oferece um caminho de profunda moderação:

“Desafios e problemas? Trabalhe e espere.
Ódio sobre os seus dias? Trabalhe, estendendo o bem.
Desarmonia e discórdia? Trabalhe pacificando.
Incompreensão e ignorância? Trabalhe e abençoe.
Reprovação e crítica? Trabalhe melhorando as suas tarefas”.

Paciência estratégica, ampliar o bem no mundo (agindo), pacificar os exaltados, abençoar os ignorantes que não compreendem e melhorar-se enquanto as críticas chovem sob o telhado existencial. Esta é a essência de uma autêntica postura evangélica diante da opressão e do preconceito. Tal caminho de paz pode se traduzir no conceito de compaixão diante daqueles que questionam toda essa “viadagem” (e que podem achar que o meu texto é mais um sinal de “contaminação” por ela).

“Compadece-te dos errados.
Guarda a certeza de que Deus te permite errar
A fim de que reconheças a tua fraqueza e imperfeição.
Nem todos os errados possuem consciência do que fazem.
Lembra-te dos momentos em que te desequilibras sem querer”.
(Emmanuel no livro poema “Compaixão”)

Um dia, a humanidade – que ainda caminha mergulhada na barbárie capitalista das guerras, desigualdades socioeconômicas, injustiças cruéis, preconceitos etc. – compreenderá que somente o amor poderá constituir-se na base de um novo mundo e que, desde agora, essa terapêutica poderá nos salvar da autodestruição. Joanna de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Franco, chamou a isso de amorterapia que tem seu inicio no auto-amor (sem nenhum traço narcísico).

“Amorterapia, portanto, é o processo mediante o qual se pode contribuir conscientemente em favor de uma sociedade mais saudável, logo, mais justa e nobre.

Essa terapia decorre do auto-amor, quando o ser se enriquece de estima por si mesmo, descobrindo o seu lugar de importância sob o sol da vida e, esplen¬dente de alegria reparte com as demais pessoas o senti mento que o assinala, ampliando-o de maneira vigoro¬sa em benefício das demais criaturas.

Enquanto as irradiações do ódio, da suspeita, do ciúme, da inveja e da sensualidade [fixação sexista] são portadoras de elementos nocivos, com alto teor de energias destruti¬vas, o amor emite ondas de paz, de segurança, sustentando o ânimo alquebrado pela confiança que transmi¬te, de bondade pelo exteriorizar do afeto, de paz em razão do bem-estar que proporciona, de saúde como efeito da fonte de onde se origina.

Ao descobrir-se a potência da energia do amor, faz-se possível canalizá-la terapeuticamente a benefício próprio como do próximo.

Desaparecem, então, a competição doentia e perversa, o domínio arbitrário e devorador do egoísmo, surgindo diferente conduta entre os indivíduos, que se descobrirão portadores de inestimáveis recursos de paz e de saúde, promotores do progresso e realizadores da felicidade na Terra”. (do livro “Amor, imbatível amor”)

Usemos então tais recursos nos embates da vida e na luta por uma nova hegemonia na sociedade, respeitando e compreendendo tudo e todos, convivendo com a alteridade e, nos momentos adequados, agindo na defesa da vida, do respeito e da diversidade dentro de uma sociedade plural e radicalmente democrática.

“Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação”. (2 Tomíteo 1:7)


MARCIO SALES SARAIVA, 39 anos, é sociólogo, formado em teologia básica pela PUC-Rio e mestrando em Serviço Social na UERJ. Foi ministro leigo (ML) na Igreja Anglicana e diretor do Grêmio Espírita Nazareno.


[1] Ainda que você desconsidere a tese da reencarnação, pense no amor e na graça de Deus diante de todas as suas criaturas e que não há ninguém sem pecado na face da Terra.

5 comentários:

  1. Nossa, Márcio... Impressionante... Um dia vou querer conversar com você a respeito deste tema. Há muitas coisas que eu penso, mas que eu sei que não posso falar com todo mundo, abertamente. Acho que você me compreende, não? Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Adorei seu texto, ele diz muito da necessidade que temos de entender que somos criaturas do grande Criador Divino. Não somos homens, não somos mulheres, somos Pessoas, possuímos a centelha divina dentro de nós ("Vós sois deuses"). Portanto, atitudes intolerantes de qualquer espécie, como a homofobia, ou a violência contra a mulher, são comportamentos deploráveis contra os quais devemos lutar com todas as nossas forças. A transição do planeta de provas e expiações para um mundo de regeneração está tendo lugar, daí tanta turbulência. É preciso que nós façamos nossa parte: viver em busca da paz entre nós, seres humanos, criaturas de Deus. Abraços, Carmen Araujo

    ResponderExcluir
  3. Adorei seu texto, ele diz muito da necessidade que temos de entender que somos criaturas do grande Criador Divino. Não somos homens, não somos mulheres, somos Pessoas, possuímos a centelha divina dentro de nós ("Vós sois deuses"). Portanto, atitudes intolerantes de qualquer espécie, como a homofobia, ou a violência contra a mulher, são comportamentos deploráveis contra os quais devemos lutar com todas as nossas forças. A transição do planeta de provas e expiações para um mundo de regeneração está tendo lugar, daí tanta turbulência. É preciso que nós façamos nossa parte: viver em busca da paz entre nós, seres humanos, criaturas de Deus. Abraços, Carmen Araujo

    ResponderExcluir